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Automutilação: o que há por trás desse comportamento?

  • Foto do escritor: Sileli Santiago
    Sileli Santiago
  • 2 de out. de 2018
  • 2 min de leitura


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Cristine é uma menina que sempre anda de manga comprida, ou com várias pulseiras escondendo o punho. Ela sabe que se seus braços ficassem descobertos, ficaria em evidência todo um mapa de feridas horizontais, marcas antigas e algumas novas. A lâmina de aço de um apontador, tesouras ou mesmo as próprias unhas são usadas por Cristine como ferramentas para ferirem o próprio corpo.


Por mais que esse comportamento seja conhecido, ele ainda não é realmente compreendido por muitas pessoas, que afirmam ser uma atitude para chamar atenção. No entanto, um dos primeiros indicadores que temos de que não se trata de chamar atenção é que normalmente a área escolhida para ser afetada é fácil de esconder com roupas ou acessórios. Se a intenção fosse chamar atenção, por que não fazer em um local mais aparente, ou deixar que seja vista a ferida?


Por que, então, alguém se machuca intencionalmente? De acordo com a American Psychiatric Association ,a automutilação é uma estratégia na qual a dor serve para aliviar as emoções negativas e a sensação de solidão, para distrair a atenção de outros problemas, para diminuir os sentimentos de raiva, liberar a tensão ou controlar o pensamento acelerado.


A automutilação pode se apresentar de diversas formas. A mais comum envolve fazer cortes nos braços, pernas ou barriga. Mas existem outras formas, como queimar-se, furar-se com objetos pontiagudos, beliscar-se, esmurrar-se, morder a si mesmo, e cutucar feridas.


Alguns adolescentes têm comportamentos de autoagressão porque apresentam algum trauma, estão sofrendo muita pressão ou passaram por alguma grande rejeição na vida. Essas pessoas costumam ter dificuldade de se expressar verbalmente, além de possuírem baixa autoestima. A automutilação nesses casos vem como um alívio emocional momentâneo. Outro perfil de automutilador é a pessoa que sente prazer através da dor. Neste caso, a automutilação passa a ter como objetivo a obtenção de prazer.


“Quando me corto consigo relaxar e diminui a minha ansiedade e tristeza”. Essa frase é repetida por Cristine e por outros adolescentes que utilizam a automutilação como válvula de escape de suas dores emocionais. A automutilação é mais comum do que pensamos, especialmente porque quem se machuca costuma esconder seus ferimentos por vergonha ou medo.


A automutilação não deve ser subestimada. A autoagressão pode ter muitas causas, por isso uma avaliação consistente é necessária para garantir que a pessoa que se fere encontre tratamento adequado para seu sofrimento. A terapia cognitivo-comportamental é altamente eficaz nestes casos, reduzindo tanto as automutilações quanto as cognições suicidas e os sintomas de depressão e ansiedade.


Tais feridas não são apenas cortes epidérmicos. Muitos dos jovens que apresentam comportamentos de autoagressão tem problemas emocionais, de relacionamento, escolares, e em alguns casos ideação suicida e depressão. Os pais que descobrem este problema não devem hesitar em procurar auxílio junto de um psicólogo para que ajude o filho a compreender as razões do seu comportamento e a reconciliar-se com o corpo, limitando os danos possíveis.

 
 
 

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